Um convite à celebração da diferença
Dia 18 de junho é considerado o Dia Mundial do Orgulho Autista, uma data especial para contribuir na conscientização da sociedade sobre a neuro-diversidade
por Thaís Alencar
Os que podem ser enquadrados no Espectro do Transtorno Autista são indivíduos diferentes. Ao longo do desenvolvimento, eles podem apresentar graus de dificuldades com a comunicação, as interações sociais e os comportamentos. A ciência, atualmente define o autismo enquanto um transtorno de desenvolvimento. Já as pessoas que convivem com crianças e adultos autistas falam e trabalham para que haja a normalização da neuro-diversidade. Sim, pesquisas científicas têm apontado que o cérebro de uma criança autista é diferente.
O que poderíamos dizer para esta data tão importante que se aproxima? Que reflexões fazer para contribuir, um pouco que seja, com o avanço das conquistas dos autistas? Esta foi uma das perguntas que me fiz antes de começar a escrever. Eu não sou autista, tampouco tenho alguém próximo, familiar ou amigo que seja. Mas, enquanto jornalista, tive uma experiência com autistas e suas famílias que marcou a minha vida.
No último ano de minha graduação em Jornalismo, uma amiga e eu decidimos escrever um livro sobre autismo. Um livro-reportagem. Nosso objetivo era contribuir com a compreensão desse tema enquanto contávamos as histórias de gente que vive as delícias e as dores de conviver com autistas. Ao longo desse projeto, conversamos com especialistas, familiares e autistas. Para além disso, nos vimos convidadas a entrar no universo deles, uma jornada que nos ensinou muito e transformou o nosso jeito de olhar para a diferença do lado de cá.
“Ah, os autistas são superdotados!”. Esse foi um dos mitos que desconstruímos quando começamos a pesquisar sobre o tema e conversar com os especialistas. Apenas 5% deles apresentam altas habilidades. Mas o impressionante é saber que o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) atinge de 1% a 2% da população mundial e, no Brasil, aproximadamente dois milhões de pessoas. A maior lição que aprendemos nesse processo, quanto a mitos e verdades, é que autistas não são ou deixam de ser. Cada indivíduo é único e, por isso, vai apresentar os traços da sua neuro-diversidade de maneiras diferentes.
Há beleza na diversidade. No fato de que cada ser humano é único. E ao relatar as experiências que desfrutamos, ao conviver com familiares e especialistas que dedicam a sua vida a dar melhores condições para os autistas, encontramos pessoas apaixonadas, dispostas a aprender cada dia novas formas de se comunicar, de ensinar, de aprender e de demonstrar amor.
Todas essas habilidades fizeram delas, também, pessoas fortes. Fortes para lutar a fim de que os direitos dos autistas sejam respeitados. E já que estamos falando de direitos, é importante pontuar que os autistas são considerados, perante a lei, “pessoas com deficiência”, uma conquista bem importante para que os direitos deles fossem ampliados. Porém a luta continua para fazer com que estes sejam efetivos em nossa sociedade.
A distância que há entre o que é determinado por lei e o que é praticado nos mostra a triste realidade de que ainda estamos inseridos em uma sociedade que não tolera se aproximar daquele que é diferente. Mas, a mudança já começou e pode ser ainda maior se cada um de nós fizer o pouco que estiver ao nosso alcance para que as diferenças sejam respeitadas e celebradas.
Categorias
- Bilíngue (2)
- Datas Especiais (33)
- Dicas (76)
- Editoria (45)
- Intercâmbio (5)
- Novas Unidades (5)
- Paraná (14)
- Pedagógico (35)
- Rio Grande do Sul (8)
- Santa Catarina (14)
- Sem categoria (17)