“Minha vida se tornou melhor depois do esporte”
Em tempos de paralimpíadas, conheça Rafael Almeida, um paratleta que acredita no esporte como ferramenta de qualidade de vida e inclusão
Em 2010, Rafael Almeida sofreu um acidente de moto que lhe deixou paraplégico. Começou no paraciclismo sem a intenção de competir, mas o aperfeiçoamento de sua prática fez com que seu relacionamento com o esporte ficasse cada vez mais sério. Vieram as vitórias e os apoiadores. Atualmente, ele carrega os títulos de tetracampeão do ranking nacional, tricampeão brasileiro, tricampeão da Copa do Brasil, pentacampeão paulista, campeão do circuito Pan Americano. Todos em sua categoria Handbike MH2.
No começo sem pretensão, Rafael não poderia sequer imaginar as viagens e as vitórias que estavam por vir. Nesta entrevista, ele conta um pouco mais sobre o papel do esporte em sua vida, a relevância dele para todos nós e a necessidade de colocá-lo como ferramenta de inclusão nas escolas.
Educação Adventista Sul: Como o esporte foi parar na sua vida?
Rafael Almeida: Eu sofri um acidente de moto que me deixou paraplégico e, após meu processo de reabilitação, retomei minha vida aos poucos. Durante esse processo, pude conhecer alguns esportes também. Alguns dos esportes que conheci foram o caiaque adaptado, o paracicilismo e o basquete sobre rodas. Todos eram esportes para pessoas com deficiência e principalmente para cadeirantes. Em 2014, conheci melhor o paraciclismo. O fato da velocidade também chamou muito a minha atenção. Aos poucos, fui treinando, me adaptando e gostando cada vez mais. Passei a me dedicar melhor aos treinos, comecei as competições e não parei mais. Fui participando, participando… Pretendo continuar participando por muitos anos.
EAS: O que mudou desde quando ele chegou?
RA: Eu procurei o esporte como uma ferramenta para manter meu corpo ativo e como uma atividade física para continuar todo o trabalho de fisioterapia que vinha cuidando da parte de mobilidade, do fortalecimento. E, ao mesmo tempo, busquei um pouco mais de independência física e mental, porque sempre que o corpo está ativo, a gente fica com a cabeça boa. O esporte tem essa capacidade de proporcionar essa qualidade de vida. Esse foi meu foco no início. Eu não tinha pretensão de iniciar as competições e era mais uma atividade como lazer. As competições vieram com o tempo. O que mudou na minha vida foi basicamente isso. Consegui tudo que eu esperava. Graças a Deus o esporte sempre me apresentou e me mostrou coisas boas. Minha vida se tornou melhor depois dele.
EAS: De que forma o esporte funciona como instrumento de inclusão?
RA: O esporte sempre foi um grande aliado à inclusão social. O contato com ele e com outras pessoas, a troca de experiências e de conhecimento. Tudo isso promove essa inclusão. Toda vez que você está em contato com o esporte, você tem que aprender com alguém primeiro, para depois criar uma certa prática e habilidade. Isso cria vínculos. Faz, naturalmente, você se incluir e estar em transformação com outras pessoas. Uma coisa leva à outra. O esporte vai te levando a lugares para os quais você nunca imaginou ter a possibilidade de viajar. Eu mesmo, por exemplo, tive a oportunidade de ir a alguns estados do Brasil para competir, onde fiz novas amizades e novos contatos através do esporte. Tudo isso me tornou uma pessoa melhor e, também, um atleta melhor. Nada melhor do que ter esse contato com outras pessoas e a possibilidade de adquirir conhecimento. Praticar a inclusão social e promovê-la de forma natural faz bem para todo mundo.
EAS: Você acha que o esporte pode funcionar como aliado à educação se usado como instrumento de inclusão nas escolas? Por quê?
RA: Com certeza. Você pode colocar isso dentro de uma escola de forma que sirva como aprendizado aos alunos. Além de ensinar, demonstrar a importância e a dinâmica desse contato com atletas, com equipes e com modalidades diferentes. Isso faz com que os alunos possam ter essa experiência e vivência mais de perto. O contato é muito importante. Só acrescenta para a escola, para os alunos e para a modalidade em si. Tudo cresce de forma conjunta.
EAS: Seu Instagram está cheio de conquistas. O que você tem a dizer de motivacional para quem está em busca das vitórias em qualquer área da vida? (Principalmente para os estudantes)
RA: Independente das dificuldades que a gente encontra na vida, afinal todos estamos sujeitos aos altos e baixos, a gente deve conseguir o discernimento e a paciência para entender todo o processo e principalmente as dificuldades. Basta um pouco mais de paciência e compreensão de que a vida é muito mais que os problemas impostos. Acredito que ter a capacidade de compreender as suas qualidade e o lado bom de tudo vai fazer você encontrar um caminho e uma saída para todas as dificuldades da sua vida.
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